Acre: Sindicato dos Médicos denuncia condições inadequadas em instalações de raio-x
Fonte Agência Brasil
O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) apresentou uma denúncia ao Ministério Público Estadual, ao Conselho Regional de Medicina e à Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) para investigar possíveis irregularidades na utilização de aparelhos de raio-x em hospitais dos municípios de Feijó e Sena Madureira. De acordo com o sindicato, durante uma inspeção técnica, foi constatado que “salas improvisadas estão operando com aparelhos de raio-x sem o isolamento necessário para contenção da radiação”.
A direção do Sindmed-AC classificou a situação como extremamente preocupante e informou que o caso também será levado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O sindicato destacou que, devido à falta de proteção adequada nas áreas onde os aparelhos estão instalados, há risco de exposição à radiação tanto para os trabalhadores quanto para a população ao redor.
Outro ponto alarmante mencionado pelo sindicato envolve a proximidade do pronto-socorro improvisado de Sena Madureira com o prédio do Ministério Público Estadual, levantando a possibilidade de que “a radiação secundária emitida pelo aparelho de raio-x possa estar atingindo áreas próximas”. Segundo relatos, essa suspeita surgiu após denúncias de funcionários que alertaram sobre a falta de barreiras de proteção adequadas, como o uso de barita nas paredes e a presença de portas próprias para contenção de radiação.
Em Sena Madureira, foi informado que o aparelho de raio-x está voltado para uma parede externa, o que poderia expor os moradores da área à radiação primária. O sindicato ressaltou que, embora a radiação secundária seja menos intensa, ela também representa riscos à saúde devido à exposição contínua.
Na cidade de Feijó, o aparelho foi instalado em uma área de armazenamento, próximo à entrada temporária do hospital. Isso, segundo o sindicato, pode estar expondo pacientes, visitantes e funcionários à radiação primária, além de potencialmente contaminar materiais na sala com radiação secundária.
O sindicato também destacou que essa não é a primeira vez que o problema em Sena Madureira é discutido. A situação foi relatada em reuniões com a Sesacre e, de acordo com a entidade, há relatos de casos semelhantes ocorridos no antigo pronto-socorro. Isso indica que a situação tem se agravado, aumentando os riscos para a saúde pública.
Ainda, a entidade mencionou que o município de Manoel Urbano também enfrenta problemas semelhantes, levantando preocupações sobre a segurança nas instalações de raio-x em outras unidades do estado. O objetivo da denúncia, segundo o sindicato, é prevenir que algo semelhante ao ocorrido em 1987, em Goiânia, com a contaminação por Césio-137, venha a acontecer. Naquela ocasião, a manipulação inadequada de material radioativo resultou em graves consequências para a população.
Esclarecimentos dos órgãos competentes
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) esclareceu, em resposta à Agência Brasil, que a fiscalização de equipamentos de raio-x utilizados para diagnóstico não é de sua responsabilidade, e sim da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio de suas unidades regionais. O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) informou que está investigando as denúncias, já tendo adotado as medidas necessárias por meio das Promotorias de Justiça de Sena Madureira e Feijó.
A Agência Brasil entrou em contato com a ANVISA, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre e o Conselho Regional de Medicina, mas ainda aguarda um posicionamento oficial sobre as denúncias.